shibari

Daniel Knupp
1 min readFeb 17, 2024

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a verdade é que sempre gostei de você, ou melhor, esse afeto que me enlaça já dava seus nós lá trás.
quando a gente tomou aquele café gostoso aqui na rua numa noite em que choveu bastante, e eu ergui uma tábua para você passar por cima da poça pra você não se molhar.
quando fui te buscar no deck quando chegou cansado do dia, e era quase onze horas.

e teve aquela outra volta da corda em que me vi envolvido por você porque me senti incrivelmente confortável e imagino que você também com nossos corpos nus e exaustos, ali mesmo com aquela camisinha quase pendurada, descansando.

cada vez que te via compartilhava uma história, ouvia sua risada, ou admirava você sorrindo enquanto gozava, e por sinal, o sorriso mais livre e lindo que já vi. tudo isso já estava me amarrando à você.

e como que vou esquecer quando senti a fricção das cordas de afeto quando você me viu chorar, e para me sentir confortável com meu medo contou sobre o seu sobre a virada do século de 99 para 2000.

da arte de amarrar, sentir prazer, dor e desconforto. me vi dentro dela sem mesmo ter sentido a aspereza de uma corda física segurada por você. uma grande maestria das partes envolvidas.

você me ensinou, me ajudou a curar e me afetou em vários sentidos possíveis.

eu te amo, e é só isso que posso sentir por você. sem muitas reticências ou poréns, é isso, um afeto genuíno.

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