sem fantasmas na casa

eu passei pelo bairro em que você morava, eu não senti necessidade de passar na sua rua.

quando bebi aquela caipirinha de dez reais em botafogo também não senti vontade de procurar pelo seu fantasma naquele bar em que nunca nos encontramos.

quando estou exausto dos dias, não é mais seu nome que me vem à mente como um tentativa mental por qualquer conexão, eu simplesmente falo para mim mesmo — estou cansado — e tento fazer o melhor para que meu corpo se sinta cuidado, por mínima que seja a atitude.

e por falar em corpo, enquanto experimentava a delícia de existir na minha própria pele, não é mais sua imagem que me vem à memória como excitação. sou apenas o presente de estar comigo: toque, tesão saliva e gozo.

eu poderia dizer como naquela música do Alabama Shakes que toca no final daquela série que sempre assistia quando estava triste por ter que tedar adeus “por favor, não leve meus sentimentos”, porém não tem como mais você fazer isso. eles são todos meus agora.