o tempo do veneno e o tempo da cura

Daniel Knupp
1 min readJul 20, 2023

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eu preciso fazer meus feitiços
onde estão aqueles frascos do ácido que corrói as cordas de um laço fraternal, cadê o chumaço de ervas daninha que cultivadas pelo tempo crescem ao redor da memória do amor?

onde foi parar meu líquido visceral para compor o elixir que preciso preparar

a varinha! onde está minha varinha?

por favor, me ajude a encontrar aquele pote com o condimento de um tempo no mar que traz a lucidez de volta.

e jogue fora essa prateleira inteira de marasmo, você sabe que não é bom guardar isso no inverno

minhas mãos enfraqueceram, e como uma misericórdia dada ao moribundo a memória reascende.

o que te tira a força é o que você tomou, a poção que procura fazer já faz efeito em seu corpo.

é por isso que seus ossos tremem, sua mente anuvia e os dedos se embolam

toma — sente nessa cadeira, me conte uma a uma, cada coisa que aconteceu.

entre o tempo da morte e o tempo do efeito do veneno está o tempo da cura. venha, bote para fora.

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