o tempo do veneno e o tempo da cura
eu preciso fazer meus feitiços
onde estão aqueles frascos do ácido que corrói as cordas de um laço fraternal, cadê o chumaço de ervas daninha que cultivadas pelo tempo crescem ao redor da memória do amor?
onde foi parar meu líquido visceral para compor o elixir que preciso preparar
a varinha! onde está minha varinha?
por favor, me ajude a encontrar aquele pote com o condimento de um tempo no mar que traz a lucidez de volta.
e jogue fora essa prateleira inteira de marasmo, você sabe que não é bom guardar isso no inverno
minhas mãos enfraqueceram, e como uma misericórdia dada ao moribundo a memória reascende.
o que te tira a força é o que você tomou, a poção que procura fazer já faz efeito em seu corpo.
é por isso que seus ossos tremem, sua mente anuvia e os dedos se embolam
toma — sente nessa cadeira, me conte uma a uma, cada coisa que aconteceu.
entre o tempo da morte e o tempo do efeito do veneno está o tempo da cura. venha, bote para fora.