eu ainda não quero dizer algo como “foi um belo capítulo na minha vida”, porque assim eu finalizo sua parte na minha vida, deixo o quase nós no único lugar em que ele existe, no passado.

assim como em um dia em que somos despertos do sono e ainda é madrugada e o alvorecer com seu acinzentado ainda está por trazer a luz do dia, ainda é cedo demais para eu elaborar sua partida.

apesar de ver bem, ainda é de noite. vejo assim, porque aprendi um pouco a andar no escuro, tatear sentimentos, reconhecê-los pelas texturas, encontrar familiaridade e alguma pista de caminho a seguir.

e nessa despedida, eu gostaria que você tivesse visto o quanto você perdeu, fazer um barulho aos cantos de botafogo enquanto sua presença, impossibilitada pela presença de outro, fazia seus últimos minutos de participação na minha história, que assim como eu você perdeu muito.

dói perder as possibilidades, tanto afeto, tanto carinho, prazer e companhia.

perdemos, o ponto final foi escrito. sem muito alarde, sem muitos amuletos além das nossas vívidas memórias das noites longas — eu gosto de você — e assim você partiu.